Quando eu acordei hoje fiquei pensando “será que o texto que está se formando aqui dentro é sobre pausas? ou seria sobre ritmo?”. Talvez descubramos juntas! Eu enquanto escrevo e você enquanto lê.
Quem escolheu esse ritmo? Começo por aí e está ficando cada vez mais claro que existe uma pressa, ali nas camadas mais profundas que dão origem à muitas outras camadas importantes. Uma professora pergunta: “O que te move?”, e eu tenho encontrado a pressa como força impulsionadora. Quando me pergunto porquê da pressa? Aparece uma resposta de que é isso que as pessoas esperam de mim: agilidade e alguém a frente da sua idade. Me pergunto se é isso é verdade ou se apenas me acostumei com essa justificativa.
Quando vou chegando perto do final do ano avalio o ano pelo que eu produzi, quantos cursos de Mindful Eating aconteceram, o saldo da conta, os seguidores do instagram, se eu viajei naquele ano, se fiz meu retiro anual de silêncio, se consegui me envolver em diferentes práticas de espiritualidade e até quantos livros eu li. Quando escrevo parece que apenas o número de tudo isso importa, mas não é bem assim, é mais do que o número. Esse compilado mais profundo que o número se torna a forma de me perceber no mundo. Eu me reconheço pelos feitos.
Como isso impacta nas relações? Acredito que o outro só estará próximo a mim enquanto eu oferecer algo. Uma escuta amorosa sempre que ele precisar, um validar das ações e comportamentos praticados. Acho que as pausas não são muito valorizadas no mundo de hoje, parece coisa de pessoas fracas que não deram conta do ritmo. Ou será de pessoas que estão querendo sair dessa prisão do ritmo? Talvez não valorizemos as pausas porque não fazemos a mínima ideia do que acontece nela.
Na última semana apertei o botão pausa e estou ignorando frases da minha cabeça que dizem “Você tem que…”, “Você deveria…”, “É esperado que você…”. Notei que o retornar ao ritmo pulava na minha frente várias vezes por dia, e eu tinha que relembrar da intenção. Abria o instagram e via as pessoas produzindo conteúdo “eu acho que eu deveria fazer isso também” e conversava com as pessoas “e elas estavam seguindo sem pausar”
A PAUSA É UM CAMPO DESCONHECIDO DA VIDA.
Podemos pensar que essa pandemia provocou uma pausa, mas ainda tenho minhas dúvidas, pausa me parece mais uma decisão interna, claro pode ser catalisada por algo externo, mas pode ser que o mundo esteja pausando e eu decidi internamente que vou continuar.
Algo interessante que notei na PAUSA foi uma raiva enorme. No silêncio pude perceber a sua presença, a raiva não estava ali por causa da pausa, mas eu não a via exatamente pela pressa.
Agora nessa pausa, eu vejo a pressa tentando de todas as maneiras governam de novo, eu vejo a raiva iluminando cada cômodo interno com seu fogo, e eu me sento com a pausa apenas observando tudo isso, deixando ir o desejo de que as coisas mudem logo.
Não faço ideia de onde isso tudo dará, sou novata nessa profunda pausa interna, mas meu corpo me responde que é exatamente isso que preciso agora.
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